sexta-feira, 15 de julho de 2011

Nem oito, nem oitenta... apenas precisamos ter capacidade crítico-analítica

Por Cristiano Medri
Muitos epidemiologistas respeitados dizem que os malefícios causados pelo fumo passivo tem sido exagerados. Há em curso uma verdadeira histeria pela saúde total. Nunca vivemos tanto e nunca nos sentimos tão ameaçados. Viver não se resume a ser um boneco saudável, deve-se levar em conta os prazeres da vida.
Obs: Não fumo.
Veja reportagem do renomado epidemiologista Geoffrey Kabat:
Do iG
O "do contra" da medicina 
Pesquisador pretende desmitificar pontos polêmicos como o perigo do fumo passivo na saúde humana
Chris Bertelli, iG São Paulo | 20/06/2010 16:58 
Esqueça tudo o que você já leu sobre os perigos do cigarro, da dieta, do consumo de álcool, dos hormônios, da oscilação de peso e dos campos eletromagnéticos.
Nadando contra a maré de pesquisadores que alertam sobre os riscos desses fatores à saúde, o epidemiologista norte-americano, Geoffrey Kabat, prefere ponderação.
Há 50 anos pesquisando esses fatores e seus efeitos na saúde humana, Kabat é categórico em afirmar que muito do que está na mídia hoje é, na verdade, um exagero. Seu objetivo é desmitificar determinados pontos relacionados a esses assuntos, em geral, sempre muito polêmicos.
Kabat escreveu mais de 100 artigos científicos e publicou o livro “Riscos Ambientais à Saúde: mitos e verdades”. Para ele, por exemplo, há um excesso de preocupação quando o assunto é o perigo do fumo passivo. Ou quando se fala nas possibilidades do celular contribuir para o desenvolvimento de câncer.
Em seu livro, com base em quatro casos, Kabat demonstra que as pesquisas científicas não estão isentas de influências políticas ou econômicas, fazendo com que certas descobertas sejam mais ou menos valorizadas do que outras.
Para o professor e pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Renato Veras, que escreveu o prefácio do livro, Kabat mostra que a ciência não é neutra e que os resultados de pesquisas podem penalizar um fator e valorizar outro. “O interessante no trabalho dele é exatamente estes questionamentos sobre as verdades criadas e estabelecidas.” O Delas fez quatro perguntas para o polêmico pesquisador. Confira:

 Foto: Divulgação 
Pesquisador esteve no Brasil para divulgar seu livro, em que questiona as tais "verdades absolutas" da medicina

Delas: Por que e como alguns mitos se tornam verdades absolutas? 
Geoffrey Kabat: Vivemos em uma sociedade que nos condiciona a estarmos altamente sintonizados com tudo o que pode afetar nossa saúde. Pelas informações que recebemos diariamente, sentimos que nosso bem-estar está mais vulnerável a uma série de ameaças externas e internas. O que questiono é: certos riscos concretos, mas de pouco impacto, acabam ganhando muita notoriedade, enquanto outros riscos com consequências maiores recebem pouca atenção.

Delas: No Brasil, em alguns estados, a lei anti-fumo foi adotada há pouco mais de um ano. Estudos já detectaram que os ambientes estão menos nocivos à saúde de quem trabalha ou freqüenta os locais. O fumo passivo faz tanto mal assim à saúde?

Geoffrey Kabat: Trata-se de um assunto muito complicado. É claro que o consumo excessivo de álcool e tabaco faz mal à saúde. A questão não é essa. É muito mais complexa. Todo fumante tem o direito de fumar desde que não incomode as pessoas. Este é um aspecto social e comportamental. O que tento explicar é que não existe qualquer estudo científico conclusivo que confirme que não-fumante pode desenvolver câncer de pulmão por conseqüência da fumaça de terceiros. É difícil estabelecer esta relação direta. Os estudos não chegam a nenhuma conclusão sobre este aspecto especificamente.

Delas: As pessoas têm uma visão de que a ciência é neutra de influências. É possível desfazer esta percepção? Como?
Geoffrey Kabat: Precisamos entender que a ciência não é abstrata. Ela está em nossas vidas o tempo todo. Toda pesquisa científica é financiada por vários agentes. Cada um precisando comprovar algo fundamental para seu negócio. Um pesquisador leva anos estudando, às vezes décadas. Às vezes, quando a pesquisa se esgota sem qualquer conclusão, fica a frustração para o pesquisador. Neste momento, qualquer brecha ou para mais ou para menos, induz, alimenta, o pesquisador a relatar aquele ponto. E se for um pesquisador de renome, os argumentos vão parar na mídia especializada, em discussões em esferas políticas, nos comitês de agências reguladoras. Enfim, é preciso dar respostas. Isso não é má fé, mas a necessidade absoluta de revelar uma resposta.

iG Delas: Na última década os aparelhos celulares suscitaram dúvidas sobre se fariam ou não mal à saúde humana. Isso também é mais um mito? 
Geoffrey Kabat: Sim, um mito que caiu em função das inúmeras pesquisas científicas que provaram que os celulares não emitem radiação. Está mais do que provado que não existe qualquer risco. Diante de tais revelações, muitos grupos contra-argumentaram que tais pesquisas foram financiadas pelos fabricantes de aparelhos.

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