segunda-feira, 18 de julho de 2011

E eu fui criticado por fazer uma gincana para desenvolver habilidades.

Enquanto eu fui criticado por fazer uma gincana que fugia ao ensino conteudista. Em que o desenvolvimento de competências contava mais do que simplesmente ouvir e decorar um monte de informações.
Veja a notícia a seguir:

O seleção para medicina nos EUA

Separando o Joio do Trigo
Do Jornal do Brasil
EUA: Universidades mudam o método de admissão para curso de Medicina
Habilidades sociais estão sendo consideradas mais importantes do que a técnica

16/07 - 08h20


The New York TimesGardiner Harris

Médicos salvam vidas, mas também podem ser pessoas intolerantes, metidas a saber tudo, que desrespeitam enfermeiros e não escutam aos pacientes. Faculdades de medicina tradicionalmente não se preocupam muito em treinar estes profissionais para que se comportem melhor, mas isto está mudando.
Na mais nova faculdade de medicina norte-americana, a Virginia Tech Carilion, os administradores decidiram ir contra a regra de contar apenas com as notas de provas, testes e entrevistas intermináveis para selecionar seus alunos. A admissão da faculdade mais parece uma tarde de rápidos encontros: nove breves entrevistas que forçam o candidato a mostrar se têm ou não as habilidades sociais para participar do sistema de saúde, onde a boa comunicação chegou a um ponto crítico. 
O novo procedimento traz grandes mudanças não só para a vida dos candidatos, mas também para todo o sistema de saúde. O método é chamado de Múltiplas Mini Entrevistas (MMI, na sigla em inglês) e seu uso está se propagando. Pelo menos oito faculdades de Medicina dos EUA – incluindo a Stanford, Universidade da Califórnia e a Universidade de Cincinnati – e 13 Universidades no Canadá estão usando.
Na última seleção da Virginia Tech Carilion, 26 candidatos compareceram para as entrevistas em uma manhã de sábado e ficaram de costas para as 26 portas de pequenas salas. Ao sinal de um alarme, eles se embaralhavam, paravam em frente a uma porta e liam a mensagem colada, que descrevia uma charada envolvendo a ética. Dois minutos depois, o sinal tocava novamente e os candidatos entravam na sala, onde uma pessoa os aguardava para a entrevista. Os candidatos tinham oito minutos para discutir o problema que estava colado na porta. Depois, iam para a próxima porta, próximo enigma e para a próxima entrevista, onde eram avaliados com uma nota e, às vezes, uma pequena observação.
As questões não serão reveladas a pedido da faculdade, mas pode-se dizer que algumas delas abordam temas como a ética em receitar remédios alternativos não aprovados e se os pediatras devem ou não apoiar os pais que querem circuncidar seus filhos.
Segundo os administradores da faculdade, as questões avaliam a linha de pensamento dos candidatos e suas habilidades para trabalhar em equipe. O mais importante não é a resposta – não há resposta certa ou errada – mas como o candidato age quando é contrariado, coisa que acontece quando se trabalha em equipe.
Quem não age conforme o esperado, não escuta ou é muito cheio de opinião normalmente fica de fora, pois esse comportamento mina as equipes. Os candidatos que respondem conforme o esperado ao conteúdo emocional do entrevistador ou pedem  mais informações se saem bem no novo processo de admissão porque é este tipo de comportamento que ajuda não só aos colegas, mas aos pacientes.

Estamos tentando separar o joio do trigo, excluindo os alunos que vão muito bem nas provas mas não desenvolvem habilidades de comunicação, que nós achamos muito importante”, diz o médico Stephen Workman, sub-reitor de admissão da Virginia Tech Carilion.

Charles Prober, reitor sênior da Escola de Medicina da Universidade de Stanford observa que a instituição sempre valorizou as habilidades sociais de seus alunos – particularmente a habilidade de trabalhar colaborativamente com colegas e estabelecer uma relação de confiança com os pacientes – mas não tinha uma forma confiável de investigar estas características antes de adotar o método das mini entrevistas.
O sistema nasceu a partir de uma pesquisa que mostra que os entrevistadores raramente mudam suas notas depois dos primeiros cinco minutos de conversa. As múltiplas entrevistas evitam que haja uma inclinação ou influência.
“E são esses candidatos que recebem notas altas nas entrevistas múltiplas que se dão bem nos exames de licenciatura, de três a cinco anos depois que entram na faculdade”, afirma Harold Reiter, professor da Universidade McMaster de Hamilton, em Ontario, que desenvolveu o sistema.
Uma atitude agradável e um ouvido atento sempre foram características desejáveis nos médicos, mas duas tendências fizeram os administradores da Virginia Tech Carilion buscarem estas qualidade prioritariamente. A primeira é o crescente número de estudos que mostram que muitas mortes poderiam ser evitadas se a comunicação entre médicos, pacientes e enfermeiros melhorasse. 
A segunda tendência é que a medicina está evoluindo de uma prática individual para uma prática em grupo. Grandes sistemas de saúde estão criando equipes para fornecer cuidados coordenados em uma equipe multidisciplinar. A força de tais equipes normalmente tem mais a ver com a comunicação entre os membros do que com competência técnica de cada um.
As 134 faculdades de medicina norte-americanas confiaram por muito tempo apenas nas notas das provas e de um teste padronizado, o Teste de Admissão em Faculdades de Medicina, para escolher entre os 42 mil candidatos às 19 mil vagas. As entrevistas individuais aconteciam, mas não avaliavam inteiramente as habilidades sociais por refletirem a visão de uma única pessoa, que normalmente olha para as questões técnicas e fazem perguntas clichês como “Por que você gostaria de se tornar um médico?”.
“Problemas com as habilidades pessoais podem ter graves consequências”, diz Leora Horwitz, professora assistente de medicina na Universidade de Yale, ao lembrar de um incidente que presenciou no Mount Sinai Medical Center, em Nova York, quando um estudante de medicina entrou no quarto onde estavam um sacerdote, sua esposa e diversos de seus paroquianos.
“Ele anunciou na frente de todo mundo: ‘Encontramos o motivo de seus problemas. O teste de sífilis deu positivo’. Era um fato devastador para a família e para toda a igreja, mas o estudante não teve noção disso”, lembra a professora.
A falta de comunicação pode se tornar tão endêmica a ponto de os médicos realizarem cirurgias erradas por pura falta de informação. Um estudo de 2002 publicado pelo Crônicas Internas da Medicina (AIM, na sigla em inglês) mostrou que pacientes, médicos e enfermeiros costumeiramente se envolvem nos tratamentos médicos errados porque estão acostumados a não se informar sobre a situação do paciente. Uma pesquisa da Comissão Conjunta descobriu que a falta de comunicação está entre as maiores causas de erros médicos, responsável por cerca de 98 mil mortes por ano.

3 comentários:

  1. Flávio você agora tocou em um ponto muito importante: o Método de avaliação para o ingresso em instituições de ensino, e mais importante que isto o método como os estudantes "SAEM" dessas instituições, se eles forem apenas testados buscando a averiguação do conteúdo não poderemos ter certeza sobre os seus conceitos éticos e MORAIS.

    ResponderExcluir
  2. É professor, muitos não compreendem que o aprendizado vai muito além de uma sala de aula e que podem existir inúmeros métodos para avaliar o aluno, mas como o senhor já disse em outra postagem "É difícil trazer novas propostas..."
    A Educação Brasileira e o método como nós estudantes somos avaliados precisam passar por reformas, mas creio eu que isso vai ser uma mudança lenta e gradual, o importante é o que o pontapé já foi dado: O ENEM. Que de alguma maneira já começa a reforma não só na educação mas também na cabeça do aluno que vai ser avaliado...
    Voltando-se para a saúde, concordo plenamente com que o João Ricardo postou no Blog dele,"O MOTIVO DA NOSSA FORMAÇÃO" Precisamos urgentemente de mudança no pensamento, e no esteriótipo, dos profissionais da saúde e de quem pretende engressar...

    ResponderExcluir
  3. Professor,é muito difícil implantar novos métodos
    de ensino,mais pode ter certeza que logo,logo
    todos que lhe criticaram vão ver o tamanho do erro
    que cometerão.
    Eu aprendi muito com a sua gincana,so tenho que lhe agradecer.

    ResponderExcluir