Escolas privadas têm turmas mais cheias que as escolas públicas
FÁBIO TAKAHASHI
ALESSANDRA BALLES
DE SÃO PAULO
ALESSANDRA BALLES
DE SÃO PAULO
Dados divulgados pela primeira vez na internet pelo Ministério da Educação mostram que escolas privadas podem ter classes maiores que as públicas e que não há perfil padrão entre as melhores no Enem.
A Folha tabulou e publica nesta segunda-feira essas e outras informações --como taxa de reprovação por colégio-- que visam ajudar as famílias a analisar instituições de ensino fundamental e médio.
"A existência de mais indicadores pode relativizar o ranking do Enem como o único termômetro para a avaliação", disse Silvia Colello, educadora da USP. Os dados são de 2010. Anteriormente, mesmo de anos anteriores, só estavam disponíveis a quem consultasse diretamente o Inep (órgão de pesquisas do MEC).
Um desses indicadores é o número de alunos por sala de aula, que pode interferir na relação entre os estudantes e deles com seus professores.
Mesmo cobrando mensalidades, três colégios privados são os que mais possuem alunos de ensino médio por turma na capital paulista --o Adventista da Liberdade, o Etapa e o Objetivo-Paz têm classes maiores que qualquer colégio público.
No Adventista, a média por turma é de 55. No Etapa são 51, e na unidade Paz do Objetivo, 49. A primeira pública é a José de San Martin, com 49. Procurados desde terça, assessores dos colégios afirmaram que não encontraram representantes das escolas para comentar os dados, devido às férias.
"Em turmas cheias, provavelmente a avaliação do aluno será feita com base na prova, e não pelo desenvolvimento no ano", disse a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar.
Educadores apontam ainda que turmas grandes impedem que o docente dê atenção individualizada ao jovem, além de dificultar atividades em grupo e interativas.
Já em relação ao desempenho em avaliações, as pesquisas não são conclusivas se classes numerosas prejudicam o rendimento dos alunos de ensino médio --a relação é mais clara nas séries iniciais do fundamental.
O colégio Adventista, por exemplo, obteve a 206ª melhor nota do Enem 2009 (último divulgado), entre cerca de 800 escolas; o Etapa foi o sétimo, e o Objetivo-Paz, 28º.
"Essas escolas até conseguem passar o conteúdo. Mas a pergunta é se ela deve ser só repassadora de conteúdos ou é também para formar pessoas", disse Mozart Neves, membro do Conselho Nacional de Educação.
Ele pondera que os colégios podem ter turmas grandes para obter mais lucro ou por falta de bons professores.
Na média, o sistema público possui turmas maiores --são 39 alunos por sala, contra 26 nas particulares.
Colaboraram ANDRESSA TAFFAREL e ANDRÉ MONTEIRO
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