quarta-feira, 15 de junho de 2011

Que tal mostrar sua perereca ou seu cururu?

 Mas não é esta perereca aqui não...


De olho nos anfíbios

Projeto colaborativo virtual pretende mapear todas as espécies conhecidas de sapos, rãs, pererecas e salamandras. Qualquer pessoa pode participar. Basta adicionar a foto e a localização de um desses animais em um mapa-múndi.
Por: Sofia Moutinho
Publicado em 14/06/2011 | Atualizado em 14/06/2011
De olho nos anfíbios
O sapo-pulga (‘Brachycephalus didactylus’), o menor anfíbio do mundo, é uma das dez espécies brasileiras raras que o projeto pretende encontrar. (foto: Flickr/ Swamibu – CC BY-NC 2.0)
Os anfíbios vivem em nosso planeta há aproximadamente 400 milhões de anos e sobreviveram às condições extremas que levaram à extinção dos dinossauros. Mas, nos últimos anos, muitas espécies dessa classe começaram a desaparecer rapidamente.
Preocupado com essa situação, o biólogo Scott Loarie, da Universidade de Stanford (Estados Unidos), criou no mês passado o Amphibian Blitz Observation, um projeto que pretende mapear a distribuição das espécies restantes de sapos, rãs, pererecas e salamandras com a ajuda dos internautas de todo o mundo.
“Nós não sabemos exatamente por que os anfíbios estão desaparecendo, provavelmente é uma combinação de doenças espalhadas por humanos, como a quitridiomicose, mudanças climáticas e destruição de seus hábitats naturais”, afirma Loarie.
A iniciativa, que pode ajudar na concepção de novas políticas de preservação, consiste em uma plataforma virtual dentro do portal científico i-Naturalist.  Ali, qualquer um, mesmo quem não é especialista, pode adicionar a foto de um anfíbio ao mapa-múndi do projeto, colocando-a no lugar exato onde o animal foi encontrado.
Os participantes não precisam necessariamente saber a quais espécies pertencem os animais de suas fotos, pois 11 biólogos do projeto formam um comitê avaliador que aponta a identificação correta dos anfíbios.
Página do projeto
Na página do Amphibian Blitz Obervation, qualquer um pode postar fotos de anfíbios. Um grupo de cientistas se encarrega de identificar corretamente as espécies observadas.
Para proteger os animais de colecionadores e contrabandistas, a localização exata das espécies mais raras não aparece no mapa. Os internautas que contribuem para o projeto também podem, por segurança, optar por ocultar totalmente o local onde viu o animal.
Loarie conta que a ideia do Amphibian Blitz Observation surgiu ao observar que muitas pessoas postavam fotos de animais em páginas da internet como o Flickr.
“Eu me peguei pensando em como seria possível acelerar a coleta de informações necessárias para estimar a biodiversidade dos anfíbios e percebi que um bom modo seria unir o grande fluxo de fotos compartilhadas na internet a uma ferramenta que possibilitasse a validação científica desses dados,” conta.

Contagem progressiva

A meta do Amphibian Blitz Observation é mapear as 6.815 espécies de anfíbios catalogadas até hoje e quem sabe até encontrar outras nunca antes descritas. Pouco mais de 300 espécies já foram fotografadas por entusiastas da biologia de todos os continentes.
“Nosso objetivo mais ambicioso é observar todas as espécies, mas se conseguirmos chegar a 25% delas já será uma grande conquista”, estima Loarie.
Por enquanto, há apenas uma contribuição do Brasil ao projeto, a perereca Bokermannohyla nanuzae, encontrada em Belo Horizonte. Mas o biólogo espera que os internautas brasileiros possam contribuir com observações de animais ameaçados que só são encontrados aqui, como o raro grupo de sapos do gênero Brachycephalus, que vivem na Mata Atlântica.
Perereca brasileira
Perereca 'Bokermannohyla nanuzae', único anfíbio identificado no Brasil até agora para o projeto. (foto: Raphael Limaum)
“Há muitas espécies, principalmente na região de São Paulo e Rio de Janeiro, que adoraríamos ver”, diz Loarie.
Agora, mais do que nunca, é hora de os brasileiros aderirem ao projeto. Uma pesquisa conduzida pelo biólogo brasileiro Fernando Rodrigues da Silva, da Universidade Estadual Paulista, e publicada na Science aponta que se o novo Código Florestal for aprovado, a população de anfíbios correrá um risco ainda maior. Isso porque mesmo a destruição de pequenos fragmentos de floresta, com até 70 hectares, já abala a diversidade desses animais.

Confira galeria de imagens com alguns dos anfíbios identificados no projeto


Sofia Moutinho
Ciência Hoje On-line

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