As imagens são frutos da análise do sistema nervoso central, e se se formam, é aí que isto ocorre.
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Os olhos (além de outros receptores. olvidos? olfato? tato?) enviam sinais ao sistema nervoso e tchum!... a imagem se forma.
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Bem, ela é editada, e sofre interferência da memória (e do afeto! memória e afeto diferem entre si?).
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Mas, editamos todos os sinais? ou melhor, considerando a edição a imagem percebida, tomamos consciência de todas as imagens?
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Parece-me que a resposta já é não, considerando resultados obtidos em testes laboratoriais (pessoas cegas que não esbarram em objetos dispostos em um corredor mesmo sem o uso de bengalas (rastreadores).
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E no cotidiano? nós utilizamos estes sinais, e não tomamos consciência deles?
Você já dirigiu, com a mente embotada em outro mundo (disperso!), e notou que havia realizado um grande trajeto sem sequer se dá notícia do mesmo? E no entanto não abarroou ninguém ou saiu fora da pista em uma curva! (pelo menos assim torçamos!)
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E será que estas tomadas de decisões, não são até melhores (sob certas circunstância! talvez a maioria das circunstâncias!) que as tomadas de decisão conscientes?
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Transcrevo um trecho de Machado de Assis em Memórias Póstumas de Brás Cubas:
"CAPÍTULO LXVI
AS PERNAS
Ora, enquanto eu pensava naquela gente, iam-me as pernas levando, ruas abaixo, de modo que insensivelmente me achei à porta do Hotel Pharoux. De costume jantava aí; mas, não tendo deliberadamente andado, nenhum merecimento da ação me cabe, e sim às pernas que a fizeram. Abençoadas pernas! E há quem vos trate com desdém ou indiferença. Eu mesmo, até então, tinha-vos em má conta, zangava-me quanto vos fatigáveis, quando não podíeis ir além de certo ponto, e me deixáveis com o desejo a avoaçar, à semelhança de galinha atada pelos pés.
Aquele caso, porém, foi um raio de luz. Sim, pernas amigas, vós deixastes à minha cabeça o trabalho de pensar em Virgília, e dissestes uma à outra: Ele precisa comer, são horas de jantar, vamos levá-lo ao Pharoux; dividamos a consciência dele, uma parte fique lá com a dama, tomemos nós a outra, para que ele vá direito, não abalroe as gentes e as carroças, tire o chapéu aos conhecidos, e finalmente chegue são e salvo ao hotel. E cumpriste à risca o vosso propósito, amáveis pernas, o que me obriga a imortalizar-vos nestas páginas."
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Enfim, estava pensando se não é baeado em uma série de sinais não tornados conscientes que tomamos a maior parte de nossas ações mecânicas. Bem certamente que sim do ponto fisiológico, até porque não ficamos nós a medir as forças internas de forma consciente para determinar nos pressões sanguíneas, por exemplo!
Mas, me refiro a ações ditas conscientes. Até que pontos são conscientes? e o que significa mesmo consciente?
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Enfim, gastaste teu tempo lendo até aqui. Peço desculpas!
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A cada dia me impressiono frente à complexidade e magnitude da máquina "corpo humano".
ResponderExcluirÓtimo post, curiso e interessante.
Acredite, caro professor, não foi perda de tempo.
Ahhh... adorei o trecho de Machado de Assis.
Abraço