Rejeição de receptor? como assim?
Quando pensamos em transplante de órgãos ou tecidos, uma das preocupações que temos é a de que o receptor desenvolva resposta imunológica contra o transplante. E uma das medidas é causar imunossupressão no receptor. Isto realmente é necessário, mas não é tudo.
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Vamos detalhar um pouco mais o processo de rejeição de transpante.
A rejeição a um órgão de outra pessoa (aloenxerto) resulta de uma série complexa de interações envolvendo tanto a resposta inata quanto a resposta adaptativa do sistema imunitário, com os linfócitos T assumindo papel central.
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A habilidade dos linfócitos T do receptor em reconhecer antígenos derivados do doador (alorreconhecimento) inicia a rejeição alógrafa. Uma vez que tenham sido ativados, os linfócitos T do receptor realizam expansão clonal e se diferenciam em linfócitos efetores, e migram para o enxerto promovendo a sua destruição.
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Há ainda os aloanticorpos produzidos pelos linfócitos B com ajuda dos linfócitos T CD4.
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A rejeição alógrafa ocorre por alorreconhecimento direto e indireto. No primeiro (direto),antígenos ligados às moléculas de MHC II das células apresentadoras de antígeno (células dendríticas) do enxerto INTERAGEM com linfócitos T do receptor (Teoria do leucócito passageiro). Por outro lado, no alorreconhecimento indireto, os antígenos são apresentados por células dendríticas do próprio hospedeiro.
A intensidade de resposta é bem maior no alorreconhecimento direto, mas a medida que o tempo passa, com a depleção das células dendríticas do enxerto, o alorreconhecimento indireto é mais provável de ocorrer.
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A estimulação dos linfócitos T é portanto central para a rejeição de enxerto, especialmente na rejeição aguda. Os linfócitos T requerem dois sinais para tornarem-se otimamente ativadas e realizar funções efetoras: (1) liberação de sinais após a ligação dos complexos MHC-antígeno com o receptor do linfócito T, e (2) liberação de sinais inespecíficos por meio de moléculas co-estimuladoras (ou acessórias).
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Pelo descrito até agora, a rejeição está relacionada diretamente aos linfócitos T do receptor atacando as células do enxerto (doador) que é percebido como não-próprio pelo seu sistema imunitário (do receptor). CONTUDO, em publicação do dia 17 de janeiro de 2014, no periódico Modern Pathology, LIAN et al. argumentam que este processo deve ser repensado, pois ficou patente, ao menos nos transplantes de face (tema do estudo), que os linfócitos do enxerto (doadores) têm papel significativo no processo de alorrejeição. Este fato poderá se configurar em mudança de paradigma no entendimento das rejeições de órgãos e tecidos.
FONTES:
http://www.sciencedaily.com/releases/2014/01/140117104027.htm
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2778785/#!po=62.5000